(BIO)QUÍMICOS DE SUCESSO
Este é o espaço dado a antigos estudantes do DQB, que se têm vindo a destacar no meio profissional. Descobre de que forma o DQB contribui para formar profissionais bem sucedidos.
Por Luís F. Guido e Rui M. Ramos.
Filipe Peralta
Filipe Peralta licenciou-se em Química pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, em 2007. Após a licenciatura fez Mestrado em Química, tendo concluído em 2010. Em Julho de 2010, ainda antes de terminar o Mestrado em Quimica, começou a trabalhar na FUCHS LUBRIFICANTES UNIPESSOAL LDA, uma empresa do Grupo FUCHS PETROLUBE GmbH. Em Março de 2013 passou a desempenhar o Cargo de Engenharia de Aplicação, criado na altura para dar mais apoio e assistência técnica na aplicação de produtos lubrificantes nas várias áreas da indústria. Passou a dar formações nas várias áreas dos lubrificantes, explicando as bases dos lubrificantes, especificações tanto de aplicacao industrial como automotive. Em 2017, para além do trabalho para a empresa FUCHS, tornou-se formador de uma empresa de formação, a CENERTEC. Em 2018, passou a desenvolver a função de Gestor de Produto Automotive em Portugal. Em 2019, a reestruturação ficou completa, e passou também a ser KAM (Key Account Manager), sendo responsável pelos clientes principais da empresa que trabalham no ramo Automotive.
1. Como surgiu a oportunidade de ingressar na FUCHS e ser Gestor de Produto Automotive? Em 2018, devido a uma reestruturação da empresa em Portugal, para criacao de duas divisões, a Divisão Automotive e a Divisão Indústria, fui convidado para desenvolver a função de Gestor de Produto Automotive em Portugal. A função já existia anteriormente, mas substituí o colega que a desempenhava para este se focar só na parte de vendas e eu na Gestão de Produto. Foi um desafio interessante que me tem feito crescer noutras áreas, diferentes da minha formação inicial.
2. Ser Licenciado em Química foi uma mais-valia para entrar no mercado de trabalho? Todo o meu percurso académico em Química na FCUP, desde a licenciatura ao mestrado, deu-me várias ferramentas para poder aplicar em todo o meu percurso profissional. O desenvolvimento do pensamento crítico que foi colocado em prática durante todo o curso permite-me adaptar às situações do meu trabalho, adaptar a novas realidades e a pensar de uma forma menos convencional. Sou muito proativo, também porque durante os curso me envolvi em várias atividades académicas que me permitiram desenvolver essa capacidade. Claro que com o amadurecimento profissional, vamos crescendo e evoluindo na nossa abordagem a vários temas, mas a base é, sem dúvida, peça fundamental para o que sou hoje como profissional.
3. De que mais gostou no DQB? O ambiente académico da FCUP e do DQB era muito bom na altura em que estudei na faculdade. A qualidade dos docentes é excecional e o Departamento é bem organizado, tanto a nível de salas como de laboratórios, biblioteca, etc. Os laboratórios de investigação, que conheço bem, pois estive envolvido num projeto de investigação sobre luminescência que tinha como orientador principal o Professor Joaquim Esteves da Silva e que envolvia estudos da Luciferase presente no pirilampo, são bem equipados e os projetos existentes dão-nos a liberdade de experimentar e ser verdadeiros cientistas. Esse ambiente académico e de investigação são fundamentais para o nosso desenvolvimento futuro.
4. Uma ideia para melhorar o DQB? Não sei se, de momento, têm muitas parcerias com empresas ou centros de investigação privados, mas penso que seria importante incluir no curso, estágios anuais em empresas, desde o 1.º até ao 3.º ano, para que os alunos possam avaliar, em ambiente profissional qual a área de especialização que devem seguir e já escolherem um mestrado nesse sentido. Também, penso que seria importante incluir no mestrado este tipo de “estágio”. Para fortalecer a veia de investigação dos estudantes, penso que deviam existir mais projetos durante o curso que fizessem com que os alunos entrassem no mundo de investigação já desde o primeiro ano. Ou seja, começarem a entrar em projetos de investigação para fazerem coisas mais básicas no primeiro ano e irem evoluindo nas responsabilidades.
5. Um Professor marcante do DQB? Falar de um único professor seria injusto, por isso lamento se esta resposta for longa. A Professora Maria Luísa do Vale foi a minha orientadora de Mestrado com a qual aprendi muito. O seu sentido de organização, a forma crítica positiva com que nos fala e motiva a pensar é bastante divertida e deixou-me totalmente à vontade e com as portas abertas para qualquer dúvida. Foi, sem dúvida, uma excelente escolha de projeto de Mestrado que adorei fazer. O Professor Ribeiro da Silva, que tive como professor de Química-Física na Licenciatura e em Química-Física Aplicada no Mestrado. Por vezes falava com ele como se fossemos amigos, pois as ironias e as brincadeiras “ácidas” que tinha eram muito semelhantes às minhas e adorava esse espírito. Claro que, para além disso, havia aquela forma simples com que nos ensinava que fazia tudo parecer tão simples. Não foram disciplinas fáceis de fazer, mas quando se entrou no espírito, foram bastante importantes e interessantes de aprender. Vários conceitos dessas disciplinas são importantes para entender alguns fenómenos que apresento no meu trabalho. Bastante importante para a minha entrada na FUCHS, o Professor Jorge Gonçalves, que foi meu professor em Química Nuclear e Radioquímica. Na altura em que fiz entrevista para a FUCHS a minha chefe na altura, que também foi estudante na FCUP e colega de Jorge Gonçalves, pediu-lhe informações minhas e ele deu um parecer interessante a meu respeito que fez tirar todas as dúvidas na minha contratação.
6. Uma Unidade Curricular preferida do DQB? A atual Análise Orgânica Estrutural, que na altura tinha outro nome. Tanto a parte de análise teórica de espectros, como a parte prática foram extremamente interessantes. Partilhando o primeiro lugar, a Química dos Produtos Naturais. Ambas as disciplinas foram bastante interessantes e mostram a Química Orgânica “por dentro”. Foram estas as disciplinas que me ajudaram a escolher a área de projeto para o Mestrado.
Raquel Amorim
Raquel Amorim licenciou-se em Bioquímica pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto em 2002, com a especialização em Indústrias Alimentares. Entre outras formações obtidas após a conclusão da licenciatura, como um curso integrado de Gestão da Qualidade, Ambiente e Segurança e a obtenção da certificação de Técnico Superior de Higiene e Segurança no Trabalho (Nível V), decidiu completar a sua formação académica com o Mestrado Integrado em Tecnologia, Ciência e Segurança Alimentar pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, conferindo-lhe o grau de Mestre em 2012. Atualmente é responsável pela área de Controlo de Qualidade da Sogrape Vinhos S.A., produtora de vinhos de várias regiões, onde gere um laboratório de controlo de qualidade de materiais de embalagem e controlo do produto final, participa nos projetos de desenvolvimento de novos produtos, garantindo a execução dos ensaios necessários a garantir a qualidade do produto final e é responsável pelo suporte à direção no que que respeita aos Sistemas de Gestão de Qualidade e Segurança Alimentar.
1. Como surgiu a oportunidade de ingressar na SOGRAPE VINHOS? A oportunidade surgiu após uma experiência de 11 anos numa outra empresa do sector dos Vinhos do Porto, com uma enorme aprendizagem nesse sector. Quando surgiu essa oportunidade foi um passo natural, pois ingressei numa empresa que é produtora de diferentes categorias de vinho, de várias regiões e fui assumir um cargo de maior responsabilidade. Foi e continua a ser um desafio, pois a Sogrape continua a ser uma empresa de referência em termos de Qualidade, tem um carácter desafiador e inovador, o que me permite aprendizagens contantes e é uma empresa que está cá para ficar, mantendo um espírito familiar mas impulsionando uma cultura de alto desempenho.
2. Ser Licenciada em Bioquímica foi uma mais-valia para entrar no mercado de trabalho? Considero que sim, que foi uma mais-valia, pois a licenciatura em Bioquímica pela FCUP é bem reconhecida pelo mercado de trabalho e por outro lado confere aos seus alunos bases sólidas em áreas muito relevantes como a Matemática, Química e Biologia, que mesmo não sendo aplicadas numa lógica contínua no nosso dia a dia, beneficiam o nosso pensamento crítico em situações em que o mesmo é necessário durante desafios profissionais que nos são colocados. Por outro lado, no meu caso específico, em que me especializei em Indústrias Alimentares, que era aliás o meu objetivo desde que ingressei no curso, permite aos seus alunos experiências relevantes no âmbito do estágio curricular.
3. De que mais gostou no DQB? Não consigo referir apenas uma, gostei desde logo do espírito académico que se vivencia na FCUP e particularmente no DQB, da qualidade do ensino suportada nos professores de referência da instituição e também da parte mais prática do ensino ao nível laboratorial.
4. Uma ideia para melhorar o DQB? O que menos gostei na altura, e que considero que é um problema generalizado no ensino académico em geral, foi a fraca componente prática com ligação ao mercado de trabalho e no meu caso particular à Indústria Alimentar no decorrer da licenciatura, apenas com a experiência final no âmbito do estágio curricular. Considero, por isso, que deveria ser promovida uma maior ligação com projetos na área de empresas do ramo laboratorial e com indústria no decorrer da licenciatura.
5. Um Professor marcante do DQB? Vou referir não apenas um, mas dois professores que me marcaram. O professor Victor Freitas que, enquanto responsável pelo meu estágio curricular, me fez ingressar no sector dos Vinhos, sector esse pelo qual me apaixonei e que ainda me encontro e mais tarde enquanto responsável pelo Mestrado Integrado em Tecnologia, Ciência e Segurança Alimentar que considerei de enorme Qualidade e importante para a minha formação. O segundo foi o Professor Luís Guido, que já me tinha marcado nas aulas práticas laboratoriais de Química Analítica, e que mais tarde no âmbito do Mestrado veio a lecionar a cadeira de Análise Sensorial que me foi de particular interesse e a ser o meu orientador de estágio num projeto de investigação relacionado com o desenvolvimento de sensores eletroquímicos para um edulcorante e comparação com os métodos analíticos convencionais, em que o seu apoio foi determinante dado que a minha experiência na área analítica estava à data um pouco ultrapassada.
6. Uma Unidade Curricular preferida do DQB? A Química Analítica foi sem dúvida uma unidade curricular marcante, pois durante a minha licenciatura era uma área pela qual tinha particular interesse e em que os professores tinham uma atitude muito pedagógica. Mais tarde, todas as unidades curriculares da Especialização em Indústrias Alimentares, pois prendiam-se com a minha vocação desde o início e a minha decisão de ingressar na licenciatura em Bioquímica.
Filipa Santos
Ana Filipa Santos licenciou-se em Química pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, em 2003 e doutorou-se em Química em 2007 na mesma Universidade. Lecionou unidades curriculares da Licenciatura e Mestrado em Química da FCUP e Mestrado em Bioquímica em Saúde do ESTSP. Desde 2015 desempenha funções de Investigador Sénior no Departamento de Inovação e Desenvolvimento do Produto na empresa Cork Supply Portugal desenvolvendo tecnologia para a melhoria da performance da rolha a nível sensorial. Foi responsável pelo desenvolvimento e scale-up industrial de uma tecnologia de inspeção e deteção não destrutiva, em rolhas de cortiça natural, do TCA (composto responsável pelo “gosto a rolha” no vinho), sendo atualmente a sua supervisora analítica.
1. Como surgiu a oportunidade de ingressar na CORK SUPPLY PORTUGAL? Após 8 anos como Investigador em Pós-Doutoramento no CIQ-UP decidi que não poderia continuar a viver de bolsas da FCT, queria alguma estabilidade para a minha vida profissional. Foi uma decisão muito difícil pois gostava muito do meu trabalho e do Grupo de Investigação onde estava inserida. Nessa mesma altura, um amigo entregou o meu CV na Cork Supply e, passados cerca de 2 meses, entraram em contacto para uma entrevista para integrar o painel de análise sensorial da empresa. Estive cerca de 15 dias em processo de homologação e fui aprovada. Encarei esta oportunidade como a “porta de entrada” para o mundo empresarial e aceitei sem qualquer hesitação. Após 3 meses fui convidada a integrar a equipa de Inovação e Desenvolvimento do Produto onde me encontro até hoje.
2. Ser Licenciado em Química pela FCUP foi uma mais-valia para entrar no mercado de trabalho? Não foi o fator principal para iniciar o processo de recrutamento dado ter sido referenciada por um amigo. Contudo, não tenho dúvida que o prestígio, rigor, exigência do ensino e a investigação de excelência que se realiza na FCUP amplamente reconhecidos tiveram bastante influência na minha contratação. Os conhecimentos diversificados que adquiri ao longo da Licenciatura e Doutoramento em Química foram e continuam a ser uma mais-valia na minha vida profissional. Além da componente científica, o meu percurso na FCUP permitiu que desenvolvesse competências muito importantes e valorizadas no mercado de trabalho como o pensamento crítico, proatividade, resiliência e, acima de tudo, espírito de equipa.
3. De que mais gostou no DQB? Da qualidade do ensino e formação, das excelente instalações e condições que proporcionava aos alunos, com laboratórios extremamente bem equipados e do prestigiado corpo docente. Além disso, o ambiente que se vivia no DQB era espetacular, era como uma “segunda casa”.
4. Uma ideia para melhorar o DQB? Agora que me encontro do lado da indústria, é extremamente importante estabelecer cooperações entre as empresas e as Universidades. O potencial científico e tecnológico detido pelas Universidades deveria ser mais direcionado para a investigação aplicada e para as necessidades das empresas.
5. Um Professor marcante do DQB? Embora tenha tido excelentes professores ao longo da minha vida académica, não hesito um segundo em mencionar o saudoso Professor Manuel Ribeiro da Silva. Marcou a minha vida académica pela sua objetividade e clareza em expor a matéria nas aulas de Química Física, pelo seu rigor na orientação do meu doutoramento e pós-doutoramento, mas acima de tudo pelo seu caráter, frontalidade e humanidade. Da minha vivência de mais de 10 anos com o Professor Ribeiro da Silva, destaco três situações que me marcaram profundamente: a minha defesa de Doutoramento e a atribuição do prémio “IACT Junior Award-2008” pela International Association of Chemical Thermodynamics com o qual fui galardoada para distinguir a “Excelência em Termodinâmica”, onde senti verdadeiramente que ele estava muito orgulhoso do meu trabalho e ainda quando pediu para o substituir numa apresentação plenária em uma conferência científica em Roma na qual não poderia comparecer. Nesta última situação senti-me muito lisonjeada pela confiança depositada em mim. O Professor Ribeiro da Silva formou-me como investigadora e é ele que devo o meu rigor científico e profissionalismo.
6. Uma Unidade Curricular preferida do DQB? Destaco a disciplina de Química Física lecionada pelo Professor Ribeiro da Silva pelo facto de as aulas serem muito objetivas e bem estruturadas. Os conhecimentos adquiridos têm sido muito úteis nos projetos em que tenho estado envolvida. Foi pelo contacto com esta disciplina e com o Professor Ribeiro da Silva que me interessei pela investigação e enveredei por esta área.
José Luís Sousa
José Luis das Dores Sousa concluiu a Licenciatura e Mestrado em Bioquímica em 2011 e 2013, respetivamente, pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Fez a sua tese de mestrado no Laboratório de Toxicologia da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (REQUIMTE/ICETA), onde continuou como bolseiro de investigação até 2014. Concluiu o seu Doutoramento em Ciências da Engenharia (Química Analítica) na Vrije Universiteit Brussel (Bruxelas, Bélgica) em 2020, onde ainda fez um pós-doutoramento. Durante o Doutoramento focou-se na caracterização de novas colunas (empacotadas e monolíticas) para a análise de moléculas pequenas, péptidos e proteínas por cromatografia líquida, assim como no desenvolvimento de reatores enzimáticos imobilizados em colunas para a rápida análise de proteínas e anticorpos em espectrometria de massa. Atualmente, tem o cargo de Scientist no grupo de Analytical Chemistry and High-throughput Purification, no departamento de Discovery Chemistry na Janssen Pharmaceutica (Beerse, Bélgica), pertencente à multinacional farmacêutica Johnson & Johnson.
1. Como surgiu a oportunidade de ingressar na Janssen Pharmaceutica? Durante o meu doutoramento, sabia que queria aplicar os meus conhecimentos teóricos e práticos em cromatografia em algo mais específico e que tivesse um impacto direto na sociedade. Já tinha interesse na Janssen quando ainda estava no meu terceiro ano de doutoramento, uma vez que me fascinava o legado do seu fundador, o Dr. Paul Janssen. Ele dedicou a sua vida à descoberta e desenvolvimento de novos fármacos, que tiveram um grande impacto na vida de milhões de pessoas. Que melhor sítio poderia existir para fazer cromatografia de ponta? O meu orientador tinha várias colaborações com a Janssen, e como ele sabia que eu queria uma transição para a indústria, nomeadamente farmacêutica, acabou por me recomendar. Candidatei-me a uma posição que requeria alguém com o meu perfil e, após várias entrevistas, acabei por ser selecionado.
2. Ser Licenciado e Mestre em Bioquímica foi uma mais-valia para entrar no mercado de trabalho? Obviamente! A licenciatura em Bioquímica, com o seu programa tão abrangente, tão multidisciplinar, acabou por oferecer todas as ferramentas e conhecimentos necessários para entrar no mercado de trabalho. A Universidade do Porto está de parabéns por formar os melhores bioquímicos do país! É interessante ver que não há dois bioquímicos iguais: o facto de podermos escolher unidades curriculares consoante as nossas ambições (ou paixões) acaba por nos valorizar durante o nosso percurso académico e moldar-nos para a carreira que queremos seguir. Digo sempre que o Bioquímico é como um “canivete suiço”: consegue fazer os possíveis e os impossíveis, e facilmente se adapta a qualquer desafio que surja na sua carreira! Mais diria que a licenciatura e mestrado em Bioquímica foi uma mais-valia para entrar no mercado de trabalho, atuando, de facto, como um trampolim. Dá uma base científica sólida ajudando os estudantes a decidir por diversas áreas das Ciências da Vida, continuar para um Mestrado, ou até a decidir por um Doutoramento. Hoje em dia, infelizmente, apenas uma licenciatura é insuficiente devido à tamanha procura e “competição” no mercado de trabalho.
3. De que mais gostou no DQB? O ambiente, certamente! E o ambiente só se faz com as boas pessoas que passaram por lá: amigos que fiz ao longo dos anos e com o corpo docente existente. Acabo por ficar com saudades sempre que passo pelo DQB. Isto quer dizer que o DQB acabou por ser uma segunda casa. Também realço a forte componente prática, que foi uma mais-valia. Se calhar na altura não era 100% claro, mas mais tarde acabei por perceber o quão forte era a nossa formação, muito devido à exigência, rigor e disciplina do corpo docente. Somos expostos a problemas científicos e pomos “as mãos na massa” desde muito cedo, o que estimula o nosso pensamento crítico no laboratório. Para além disso, o facto de podermos começar a fazer investigação num grupo desde cedo, acaba por nos dar segurança, experiência e exposição a diferentes métodos que são uma mais-valia mais tarde. Quer queiramos ou não, iremos sempre cometer erros, ter muito stress, vamos falhar (algumas vezes), mas no final vamos ter sucesso. É importante que ganhemos esta camada de confiança desde o início para sermos profissionais mais resilientes.
4. Uma ideia para melhorar o DQB? Penso que seja necessária uma colaboração mais forte entre a academia e a indústria. Na minha opinião, a faculdade deve formar estudantes para estes dois mundos e sinto que falta um equilíbrio. Há 10 anos atrás, a lista que continha as propostas de temas para serem escolhidos para as teses de dissertação pertenciam só a instituições académicas. Infelizmente, fazer R&D em indústria portuguesa não está comparável aos níveis europeus, e por conseguinte divulgar o papel que um(a) Bioquímico(a) pode ocupar na indústria (Portuguesa) está em falta. É extremamente importante promover essa exposição dos estudantes à indústria. Lembro-me também que por vezes tínhamos semanas críticas a nível de tarefas, com várias apresentações e relatórios de aulas práticas para serem entregues todos na mesma semana (chegavam a ser 6 ou 7 trabalhos por semana). Fazer tantos trabalhos de qualidade com grupos diferentes (que têm disponibilidades e horários diferentes) acaba por não ser sustentável, e o estudante não sai beneficiado. Pode ter boa nota, mas a aprendizagem e a absorção de conhecimento não são as mesmas. Tendo em conta que o curso é tão multidisciplinar, seria interessante ver a possibilidade de fazer trabalhos inter-unidades curriculares, ou seja, um projecto que fosse comum a diferentes disciplinas e que fosse avaliado como tal, por exemplo envolvendo Química Computacional, Química Orgânica, Química Analítica, áreas tão ligadas entre si…
5. Um Professor marcante do DQB? Todos acabaram por me marcar de alguma forma. O curso não seria o mesmo se fosse lecionado por um único Professor. Acabamos por ter diferentes perspectivas, diferentes métodos de trabalho, diferentes abordagens a determinados problemas, diferentes vivências e experiências em Ciência. Isto é importante, mas só o percebemos mais tarde! Mas tenho que lembrar o Professor Luís Guido e também a Professora Margarida Bastos. O Professor Guido pelo seu entusiasmo e rigor durante as aulas. Acabou por ter uma grande influência no percurso que eu viria a escolher. Notava-se o quanto ele gostava de Química Analítica durante as suas aulas e isso acabou por me ser transmitido. É uma área bastante complexa, difícil… mas sentia-me sempre como um peixe na água durante as aulas. A Professora Margarida pela sua exigência e profissionalismo, dois valores que aprecio bastante.
6. Uma Unidade Curricular preferida do DQB? Química Analítica (licenciatura), Métodos de Separação e Detecção, e Química Bioanalítica (mestrado) acabaram por se tornar hobbies para mim. Ainda me lembro que no primeiro ano de mestrado em Bioquímica, a unidade curricular de Química Bioanalítica não estava disponível, o que me deixou desconsolado. Nenhuma das opções disponíveis me interessava. Porque haveria de escolher uma cadeira que não fosse relevante para mim? Acabei por me inscrever numa unidade curricular que não queria e desisti, quando soube que Química Bioanalítica ia ser outra vez opção no ano seguinte. Na altura foi uma decisão difícil: a tese de mestrado a tempo inteiro e ainda marcar presença na cadeira. Foi desafiante, mas foi aí que percebi que Química Analítica tinha que fazer parte da minha carreira. Quem corre por gosto não cansa!
Igor Encarnação
Igor Encarnação licenciou-se em Química pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (2009), e concluiu o mestrado em Química em 2011. Inicialmente, enveredou pela vertente de investigação em áreas como Química Orgânica e Nanoquímica. A ligação à indústria inicia-se em 2014 como Sales Engineer na Arsopi-Thermal. Em 2016 surge a mudança para a Colquímica Adhesives como Technical Account Manager, com gestão de carteira de clientes internacionais, maioritariamente Europa e Norte de África. Em 2018 surge o convite interno para Procurement Manager, funções que desempenha até à data. Neste novo papel, surge a oportunidade de coordenar uma equipa de cerca de 10 pessoas, e inclui responsabilidade de compra e gestão de stocks de matérias-primas e embalagens de todo o grupo Colquímica Adhesives, que tem fábricas em Portugal, Polónia e EUA.
1. Como surgiu a oportunidade de ingressar na COLQUIMICA? Ambição pessoal por um projeto e empresa de dimensões superiores, conjugada com a experiência técnica e comercial adquiridas no emprego anterior, abriram as portas para a entrada na Colquímica. Experiência, fluência no inglês, disponibilidade para viajar, eram alguns dos requisitos para a função.
2. Ser Licenciado em Química pela FCUP foi uma mais-valia para entrar no mercado de trabalho? Sim. Nas duas empresas em que trabalhei até à data, Arsopi-Thermal e Colquimica Adhesives, os conhecimentos de Química permitem uma melhor perceção e mais rápida adaptação, particularmente na componente técnica que pode ser um ponto diferenciador.
3. De que mais gostou no DQB? Instalações e ambiente agradáveis, proximidade com vários professores e alunos de doutoramento ao longo do percurso permitiu também sempre uma melhor perceção do presente e do futuro.
4. Uma ideia para melhorar o DQB? Não só o DQB, mas toda a FCUP tem de estabelecer mais e melhores pontes com a indústria. O DQB continua muito focado em investigação e trabalhos laboratoriais. A indústria, e as necessidades de RH vão muitíssmo além disso. Os alunos não percebem realmente onde se poderão enquadrar no mercado de trabalho, mas alguém formado em Química tem bases para trabalhar em áreas como Comercial ou Compras, particularmente se se tratarem de indústrias produtoras. E a simples realidade do mercado é: o departamento Comercial de uma empresa é sempre o mais bem pago per capita! Nem todos se deixam aliciar apenas por dinheiro, mas é sempre agradável.
5. Um Professor marcante do DQB? Não seria justo individualizar, reconheço que me cruzei com vários professores muito profissionais e que me ajudaram na formação e construção do meu conhecimento e percurso profissional. Embora não tenha estabelecido uma relação pessoal, posso no entanto fazer referência ao Professor Ribeiro da Silva, com o qual tínhamos aulas mais ou menos animadas às segundas-feiras, dependendo do resultado do fim-de-semana da sua Académica de Coimbra! Deixar passar um pouco do lado humano e pessoal na sala de aula, não é defeito, bem pelo contrário.
6. Uma Unidade Curricular preferida do DQB? Mais uma vez não seria justo indicar apenas uma. Mas ao longo do percurso académico sempre me interessei bastante pelas áreas da Química Orgânica, Computacional, mas também das Matemáticas. Por fim, considero que seria pertinente rever um pouco não as Unidades Curriculares, mas o programa das mesmas, por forma a estabelecer mais pontes com a indústria…mais de 90% dos licenciados em Química irão para a indústria mais tarde ou mais cedo.
Micaela Freitas
Micaela Freitas licenciou-se em Bioquímica (2014) pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Continuou a sua formação na mesma Universidade, tendo concluído o mestrado em Bioquímica, em 2016. Durante o seu percurso na Faculdade de Ciências, teve a oportunidade de integrar diferentes grupos de investigação cientifica em contexto académico e hospitalar, nas áreas de química, biologia marinha e epigenética do cancro. Em 2017, mudou-se para Genebra, na Suíça, onde em Janeiro de 2022 concluiu o seu doutoramento em Ciências Farmacêuticas pela Universidade de Genebra. Durante o seu projeto, trabalhou extensivamente com modelos 3D para cultura de células cancerígenas e o seu uso para a triagem de compostos com potencial anti tumoral. Este viria a ser um dos pontos chave para dois meses depois se juntar à start-up PreComb Therapeutics, em Zurique, onde trabalha atualmente como Research Scientist.
1. Como surgiu a oportunidade de ingressar na PreComb Therapeutics? Na fase final do meu doutoramento vi que a PreComb Therapeutics estava à procura de um(a) Research Scientist. O perfil era exatamente o que eu andava à procura, por isso candidatei-me, fiz a primeira entrevista ainda antes de defender a minha tese, convidaram-me para fazer uma ronda de entrevistas presencialmente e duas semanas depois ofereceram-me o trabalho.
2. Ser Licenciada e Mestre em Bioquímica foi uma mais-valia para entrar no mercado de trabalho? Sim. A licenciatura contribuiu muito para sedimentar boas práticas de trabalho laboratorial, pensamento critico, autonomia e dinamismo. Numa start-up temos que ser bastante flexíveis e capazes de exercer diferentes funções. Por exemplo, eu como Research Scientist, sou não só responsável por toda a parte cientifica in house mas também por coordenar todos os parceiros científicos e os seus projetos. Acabamos por ter uma função multidisciplinar, onde é vantajoso saber de tudo um pouco e ter muita experiência de trabalho. Os conhecimentos gerais adquiridos na licenciatura e mestrado em Bioquímica da FCUP estão a ser sem dúvida cruciais para o meu desempenho e rápida adaptação. Para além disso, esta licenciatura introduz investigação cientifica cedo no programa e ao mesmo tempo facilita a integração de alunos em grupos de investigação. No meu caso, isto fez com que em dez anos de formação (5 licenciatura/mestrado e 5 de PhD) tenha adquirido simultaneamente nove anos de experiência hands on em investigação cientifica. Este tipo de experiência é extremamente atrativo para empresas e é o que diferencia os alunos da licenciatura/mestrado em Bioquímica da FCUP de muitas outras Universidades, quer portuguesas quer estrangeiras.
3. De que mais gostou no DQB? O que mais gostei foi da qualidade e exigência no ensino, o respeito demonstrado pelos professores em relação aos alunos, e a disponibilidade dos professores para todas as nossas questões. Parecem coisas banais mas que depois de me familiarizar com outros sistemas de ensino universitário, passei a reconhecer que a FCUP e principalmente o DQB são excelentes nestes aspetos e, parecendo que não, isso fez/faz uma diferença enorme na qualidade de ensino. Também acho que merece destaque o Programa de Estágios Extra Curriculares (PEEC) dentro do departamento. Estes foram uma mais valia para ganhar experiência em diferentes áreas e para cedo nos introduzir para aquilo que é realmente investigação cientifica. No meu caso, durante o meu segundo ano de licenciatura tive a oportunidade de fazer um estágio anual a tempo parcial com a Prof. Eulália Pereira, que foi sem duvida o que me levou a ser a cientista que sou hoje. O grupo de investigação acolheu-me de braços abertos, ensinou-me o que é ser uma cientista e estiveram comigo nos altos e baixos do projeto onde estive integrada. Estes, a meu ver, são pontos que se observam em todo o DQB, e que são cruciais para a performance de excelência de todos os alunos que por ali passaram.
4. Uma ideia para melhorar o DQB? Uma coisa para melhorar, se ainda não o fizeram, seria aumentar as vagas para o PEEC, de forma a acolher mais alunos. Também poderiam organizar seminários de orientação profissional para os alunos do primeiro ano (todos os anos?), onde os alunos podem ver quais são as saídas profissionais e como é a melhor forma de se prepararem para essa mesma profissão. Ajudar os alunos a escolherem atividades extracurriculares, que no futuro vão complementar a sua formação base.
5. Um Professor marcante do DQB? Vários professores me marcaram, tanto pela positiva como pela negativa. Vou destacar o Prof. Nuno Mateus porque eu lembro-me de ser um professor super dinâmico que conseguia sempre captar o nosso interesse e transformar uma matéria aborrecida em algo interessante. Para além disso ele tinha sempre o jeito dele de organizar as coisas, ainda me lembro do dia em que eu e outros colegas estávamos a dizer-lhe que nos tínhamos voluntariado para ajudar no laboratório de Q. Orgânica durante os dias abertos da FCUP e de repente ele diz “então está combinado vocês ajudam no meu lab. no mesmo dia, não custa nada, é o lab. mesmo ao lado.” Toda a gente achou imensa piada e acabamos por confirmar a nossa presença.
6. Uma Unidade Curricular preferida do DQB? Bioquímica II. Eu sei que não é do DQB, mas esta foi sem duvida a unidade curricular que me marcou mais. Esta unidade abriu-me os olhos para a dinâmica de todos os processos biológicos e como estes estão relacionados. Na altura era lecionada pelo Prof. Pedro Moradas Ferreira, que tinha sempre muitas curiosidades para complementar a matéria, o que fez toda a diferença para se perceber todos os diferentes conceitos.
Inês Rocha
Inês Rocha licenciou-se em Química (2007) pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Em 2014, após conclusão do doutoramento em Química, iniciou o seu pós-doutoramento com o desenvolvimento de catalisadores sustentáveis para aplicação em células de combustível, na área da energia. Em 2017, inicia o seu percurso no mundo empresarial na Active Aerogels, onde desenvolveu, em colaboração com a European Space Agency (ESA), materiais nano-estruturados com propriedades de isolamento térmico com aplicação na área aeroespacial. Atualmente, como gestora de projetos de R&D, desenvolve auxiliares têxteis para a produção de têxteis funcionais na área da termorregulação e saúde e bem-estar, na Devan.
1. Como surgiu a oportunidade de ingressar na DEVAN? Ao longo do meu percurso profissional, tive a oportunidade de conhecer as mais diversas áreas da química. Isto não só me coloca numa situação fora da zona de conforto, como satisfaz a minha necessidade de estar em constante aprendizagem. Em cada desafio, aumento o meu autoconhecimento e, com isso, consigo triar o que me faz mais sentido e decidir para onde quero ir. Esta flexibilidade mental foi, sem dúvida, o melhor ensinamento deste caminho. O projeto que tinha em mãos na Eurofins deu-me imensa luta e muito prazer em executá-lo. Na minha primeira semana, a gestão deu-me uma norma para as mãos e uma data de auditoria. Era tudo o que tinha: não tinha equipa, não tinha equipamentos, nem laboratório (entenda-se, o espaço físico). Após ter desenhado, montado duas salas de laboratórios, formado uma equipa, desenvolvido e implementado a norma e, por fim, obtivemos a acreditação do método pela IPAC, iniciamos a linha de produção da análise de HAP. Embora também houvessem (outros) desafios nesta fase, estes já não correspondiam em pleno às minhas espectativas. Durante a minha licença de maternidade, refleti bastante sobre este rumo e, ao mesmo tempo, surgiu uma oportunidade na Devan, que correspondia melhor às minhas espectativas, e com um pormenor que fez brilhar os meus olhos: a aplicação têxtil. Foi nesta área que iniciei o meu percurso de R&D (e não só), num projeto extra-curricular, ainda no meu Mestrado. Desde então, que tenho um carinho especial por esta área.
2. Ser Licenciada em Química pela FCUP foi uma mais-valia para entrar no mercado de trabalho? O DQB padece de um corpo docente e não docente com um elevado e exímio conhecimento científico, do qual tive a felicidade de conviver e aprender com ele. Não tenho dúvida que todo o meu percurso na FCUP me deu uma bagagem que me foi (é e será) extremamente útil no mercado de trabalho. Não me refiro só aos conteúdos científicos, mas também toda a experiência extracurricular que vim adquirir ao longo dos anos passados na FCUP, como por exemplo na organização de eventos, no desenvolvimento da comunicação com diferentes públicos e de outros soft-skills que o mercado de trabalho procura. Cada vez mais o mercado de trabalho, para além das hard-skills na respetiva área de negócio, valoriza a proatividade, capacidade de resolução de problemas inesperados, resiliência e espírito de equipa.
3. De que mais gostou no DQB? Algo incontornável no DQB é o ensino de excelência. Todo o corpo docente e investigadores possuem um conhecimento científico incomparável (do qual ainda, nos dias de hoje, recorro sempre que tenho uma questão “química”), com um grau de exigência que se reflete na qualidade de pessoas formadas. Outro aspecto de salientar são as instalações de excelência do DQB: desde anfiteatros, laboratórios e a biblioteca. Sem esquecer a claraboia no centro do departamento.
4. Uma ideia para melhorar o DQB? Uma das ideias para melhorar o DQB que tinha, enquanto estudante do DQB, já foi concretizada: a formação do FCUP|DQB – Lab&Services. Algo que me apoquentava ao longo do meu doutoramento era ter a consciência do imenso know-how e equipamentos de excelência que ficavam “fechados” dentro de cada andar/grupo de investigação. Atualmente, passei de aluna a utilizadora destes serviços, do qual me orgulho imenso por verificar que a qualidade e disponibilidade do corpo técnico e docente continuam tão ou mais elevados do que em meados de 2010. Outra sugestão era a implementação de noções básicas de educação financeira direcionada para a gestão de laboratórios/ projetos nas atuais unidades curriculares ou até mesmo fora destas. Enquanto que as soft-skills, que atualmente tanto se fala (e bem), se podem adquirir nas diversas formas – não só no seio académico, a educação financeira é algo mais especifica e fundamental para quem ingressa quer como investigador, quer em qualquer outra função na industria. Por fim, a sugestão talvez mais falada desde que frequento a FCUP: o envolvimento da academia com o tecido empresarial. O caminho está-se a fazer, mas nunca é demais salientar que o contacto com as necessidades industriais pode ser uma mais valia para a criação de conteúdo científico direcionado para a atualidade e aplicabilidade mais direta na sociedade.
5. Um Professor marcante do DQB? Pergunta difícil pois todos os Professores, por um motivo ou outro, tiveram a sua marca no meu percurso na FCUP. Confesso que tenho um carinho muito grande por todo o grupo de Química-Fisica. Contudo, se tivesse mesmo que salientar, optaria não por um, mas sim por três Professores que fazem parte do meu ser: O Professor Ribeiro da Silva por ser uma pessoa humana, frontal, com um espírito de justiça inqualificável, que me formou como investigadora, mostrando que o rigor do detalhe e os valores profissionais e éticos são essenciais para qualquer área da vida. Raras são as semanas que, ainda hoje, não penso ou relembro do “meu” Professor e de expressões como “passe o obséquio”. Também tenho um carinho especial pela Professora Maria das Dores, por me ter acolhido na reta final do meu doutoramento, mostrando que a vida tem que continuar e que deve de ser celebrada, nem que seja com um breve chá numa sala entre laboratórios. Ensinou-me algo tão importante: o ótimo é o inimigo do bom. Por fim, a pessoa que me espicaçou este meu jeito de não baixar os braços e pesquisar, investigar, mexer, remexer e testar, correr atrás do necessário, a Professora Cristina Freire, com a sua veia empreendedora. Obrigada a todos.
6. Uma Unidade Curricular preferida do DQB? A Quimica-Física deu-me ferramentas para desenvolver o meu pensamento lógico, mostrou-me a importância do calor, energia (em particular a energia das ligações intra e intermoleculares) e entropia. Estes parâmetros, apesar de aparentarem serem restritos aos exercícios da sebenta, ao longo da minha experiência profissional pude comprovar que são aplicados e necessários, em qualquer área da química, seja aplicada ou fundamental. Acreditem, quimica-fisica faz o mundo girar. Outra cadeira que me deu competências que hoje são muito uteis foi Nanoquímica: também pela imensidão de conceitos e, essencialmente, pelo leque de técnicas de caracterização, fundamentais para qualquer área de R&D.
Carlos Lopes
Carlos Fernandes Lopes licenciou-se em Química pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, em 2000. No mesmo ano, ingressou com uma bolsa de investigação na Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica (ESBUC) onde esteve um ano a desenvolver trabalhos relacionados com deteção de aromas em vinhos e em simultâneo lecionou aulas práticas de métodos instrumentais de analise. Em 2001, começou a trabalhar na Bial – Portela & Cª, S.A, no Laboratório de Investigação Farmacológica do Departamento de Investigação da Área I&D, onde se encontra até hoje. Voltou à FCUP/ICBAS para frequentar o Mestrado em Bioquímica o qual concluiu em 2013.
1. Como surgiu a oportunidade de ingressar na BIAL? A oportunidade de ingressar na Bial surgiu através de uma candidatura espontânea. Em 2001, e após um ano na ESBUC, percebi que iria ser muito difícil sair do “mundo” das bolsas científicas e daí decidi procurar emprego na Indústria, que era uma área que sempre tive curiosidade em experimentar. Comecei a enviar candidaturas espontâneas para várias empresas, entre elas a Bial. Como na altura a internet ainda era pouco desenvolvida, enviei o meu CV por carta e passado umas semanas recebi uma resposta agradecendo a minha candidatura, mas não estavam a contratar. Dois ou três meses depois, ligaram-me da Bial a questionar se eu ainda estava disponível para ir a uma entrevista. A partir daí o processo foi muito rápido e quinze dias depois estava lá a trabalhar.
2. Ser Licenciado em Química e Mestre em Bioquímica foi uma mais-valia para entrar no mercado de trabalho? O prestígio da FCUP é imenso e qualquer aluno que saia desta instituição será sempre bem visto pelo mundo do trabalho. No meu caso em particular não foi determinante no processo de seleção, mas a licenciatura em Química e o mestrado em Bioquímica deram-me conhecimentos multifacetados em todas as áreas da Química (Orgânica, Inorgânica, Analítica, Física e Teórica) que me permitiram ter bases para enfrentar todos os desafios que foram surgindo na minha vida profissional.
3. De que mais gostou no DQB? Posso dividir a minha passagem pelo DQB em dois períodos distintos (Licenciatura e Mestrado) e em todos eles posso indicar as mesmas três coisas que mais gostei: qualidade do ensino, corpo docente e camaradagem entre colegas. A qualidade do ensino é reconhecida pela sua exigência e rigor e isto só é possível pelo seu excelente corpo docente, altamente qualificado e sempre disposto a ajudar. A camaradagem entre colegas também foi essencial para uma fácil adaptação à vida universitária e ainda hoje mantenho um grupo de amigos do tempo da licenciatura.
4. Uma ideia para melhorar o DQB? Não sei se atualmente isto já existe visto que já não frequento o DQB há alguns anos, mas uma ideia para melhorar o DQB seria haver mais cooperações entre o DQB e as empresas. Se fosse possível introduzir mais estágios de curta duração dos alunos em empresas, não só no final dos ciclos, mas também durante o ciclo de ensino, isso iria permitir uma melhor adaptação dos alunos e adicionalmente redirecionar o ensino prático para a exigência necessária no mundo empresarial. Por outro lado, o que menos gostei foi a pouca carga horária na componente prática/laboratorial e não haver mais cooperação com empresas. Na minha opinião, quanto maior for a componente prática a juntar à elevadíssima qualidade da componente teórica, mais preparados ficamos para abraçar a vida profissional após a conclusão dos estudos.
5. Um Professor marcante do DQB? É difícil destacar um único professor , porque todos me marcaram à sua maneira, mas posso destacar dois. Na licenciatura o Prof. Carlos Corrêa e no mestrado o Prof. Nuno Mateus. Eu acho que a maioria dos meus colegas que tiveram a sorte de ter aulas com o Prof. Carlos Corrêa o destacariam pela sua paixão pelo ensino da Química Orgânica, pela sua sabedoria e pelo seu modo de estar muito peculiar. No Mestrado em Bioquímica, ter o Prof. Nuno Mateus como professor, mostrou-me que o futuro do ensino no DQB está assegurado por professores vanguardistas, muito dinâmicos e que gostam do que fazem.
6. Uma Unidade Curricular preferida do DQB? Durante a Licenciatura em Química, eu sempre gostei muito de todas as UC ligadas à área de Química Orgânica. Por isso posso referir como preferida a Química Orgânica, que na minha altura era anual e quando íamos a exame tínhamos imensa matéria para estudar, correspondente a dois semestres. Talvez pelas aulas teóricas serem lecionadas pelo Prof. Carlos Corrêa, e depois do que já referi anteriormente, tenha ajudado à minha preferência.
Ricardo Sousa e Silva
Ricardo Sousa Silva licenciou-se em Química pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, em 2003. Iniciou as funções de Especialista de Produto na Emílio de Azevedo Campos onde permaneceu até 2010, altura em foi cofundador da SCANSCI. Durante este período focou a sua educação no empreendedorismo onde se pode realçar uma pós-graduação em Empreendedorismo Qualificado pela Porto Business School. Em 2014 fundou a SARSPEC, uma empresa dedicada ao desenvolvimento e comercialização de instrumentação e soluções para Espetroscopia.
1. Como surgiu a oportunidade de ingressar na SARSPEC? Depois de terminada a minha formação na FCUP tive a oportunidade de trabalhar numa empresa que representava para Portugal instrumentação analítica durante cerca de 6 anos. No final desses 6 anos fui cofundador de uma empresa que trabalhava também em representações, mas que iniciou um projeto de I&D para o desenvolvimento de um espetrómetro. Esse projeto despertou um interesse sério em I&D e potenciou o desejo de criação de uma empresa portuguesa dedicada ao desenvolvimento de soluções para espetroscopia. Foi desta forma que fundei a Sarspec, passando a ser o meu grande objetivo profissional.
2. Ser Licenciado em Química pela FCUP foi uma mais-valia para entrar no mercado de trabalho? Sim, a Licenciatura em Química deu-me um enquadramento profissional e as ferramentas necessárias para convencer alguém a contratar-me. Pode dizer-se que o curso em Química permitiu que tivesse a sorte de conseguir emprego com o primeiro currículo que enviei.
3. De que mais gostou no DQB? Entendo que o que mais gostei foi das pessoas que conheci, do novo conhecimento que adquiri e das experiências que o DQB me deu oportunidade de ter. A entrada na Universidade do Porto constituiu para mim um mundo de descobertas, pela possibilidade de entrar para um centro de conhecimento de excelência, pelos novos amigos e, por fim, mas seguramente mais importante, pela possibilidade de encontrar a pessoa que é a minha companheira de sempre.
4. Uma ideia para melhorar o DQB? Do ponto de vista do empresário, colocaria ênfase na transferência de tecnologia, nomeadamente no empreendedorismo e colaboração com empresas. Acredito que existe um enorme potencial associado ao conhecimento existente e gerado no DQB e este potencial pode e deve ser utilizado para a criação de produtos e soluções inovadoras. A aposta em investigação aplicada parece-me que deverá ser uma prioridade absoluta.
5. Um Professor marcante do DQB? Como continuo a colaborar com o DQB, quer como fornecedor quer como parceiro em projetos, continuo a manter contacto com muitos dos que foram meus professores e tenho a melhor relação, consideração e respeito por todos. No meu percurso académico gostaria de referir a Professora Clara Basto, que foi minha orientadora no trabalho de seminário e que sempre foi muito presente, prestável e paciente. Às vezes só precisamos que alguém acredite um bocadinho em nós para que o nosso mundo se transforme.
6. Uma Unidade Curricular preferida do DQB? Colocaria a Química Inorgânica como a minha área preferida, talvez por ser aquela em que tive mais facilidade e que foi em algumas fases o meu porto seguro, isto apesar da vida me ter levado para os caminhos da instrumentação… Ao fim destes anos fico com sensação que na altura não tinha a real noção da aplicabilidade das matérias que me estavam a ser lecionadas e penso que isso condicionou o meu percurso académico. Este será seguramente um sentimento comum, à medida que o distanciamento nos vai dando perspetiva, por isso, se me permitem um conselho aos atuais e futuros estudantes do DQB é que não façam nada por fazer e no final tudo irá fazer sentido!
Susana Soares
Susana Soares licenciou-se em Bioquímica pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, em 2006. Fez uma pós-graduação em Ciência, Tecnologia e Segurança Alimentar, Mestrado em Bioquímica e Doutoramento em Química (2012). Atualmente é Investigadora Auxiliar do REQUIMTE/LAQV na FCUP. Ao longo dos anos tem somado a coordenação de várias linhas de investigação e projetos estando sempre em estreita colaboração com indústrias e empresas portuguesas, como a ProEnol, SenseTeste e SUPERBOCK GROUP. Foi-lhe recentemente concedida uma Bolsa ERC, no valor de 1,5 milhões de Euros.
1. Como surgiu a oportunidade de concorrer a esta Bolsa European Research Council (ERC)? A oportunidade de concorrer a esta ERC Starting Grant nasceu há alguns anos através da partilha das ideias que eu tinha para a minha área de investigação com o Prof. Victor de Freitas e com o Prof. Wolfgang Meyerhof. Naquela altura, eu estava num estágio internacional no Dife – German Institute of Human Nutrition no âmbito de um projeto FCT e nós os três tivemos uma reunião acerca do que eu pensava fazer a seguir. Para além do feedback positivo dos professores, foi unânime que aquelas ideias deveriam ir para uma fonte de financiamento europeia. Este foi o início de todo um processo que envolveu, nos anos seguintes, muito trabalho, discussão e escrutínio das ideias iniciais, sempre com o sentido de amadurecer o projeto.
2. Ser Licenciada em Bioquímica foi uma mais-valia para entrar na carreira de investigação? Sem dúvida. O curso de Bioquímica é versátil e muito multidisciplinar. O facto de ser partilhado por duas instituições da Universidade do Porto (FCUP e ICBAS) traduz-se numa aprendizagem muito enriquecedora com perspetivas muito diferentes da ciência. O principal aspeto comum que destaco nestas duas instituições, e que foi uma constante no curso, foram a exigência e rigor.
3. De que mais gostou no DQB? O corpo docente. Se à data do curso eu e outros colegas não valorizávamos os professores que tínhamos, com a idade normalmente vem alguma sapiência. E hoje em dia reconheço que foi um privilégio ter aulas com alguns dos nomes que marcaram profundamente a Química e a Bioquímica dos nossos dias.
4. Uma ideia para melhorar o DQB? Quando me fazem esta pergunta quase sempre tenho a mesma resposta: estabelecer uma relação de proximidade com a indústria/sector empresarial português. Perceber quais as necessidades e problemas das empresas e de que forma a formação/investigação na faculdade pode auxiliar na resolução desses problemas. Enquanto faculdade nós temos competências, tecnologia e uma rede de colaborações que frequentemente não estão disponíveis nas empresas. Isso é uma mais-valia. Acho que uma relação mais próxima seria uma relação win-win.
5. Um Professor marcante do DQB? O Professor Carlos Corrêa. A forma de ensinar, a paixão pela Química Orgânica e o modo de estar são muito característicos e excecionais. O anfiteatro estava sempre cheio.
6. Uma Unidade Curricular preferida do DQB? Química dos Alimentos. Aprender e perceber com detalhe a química que está presente nos alimentos e em processos culinários do nosso dia-a-dia foi uma experiência marcante e enriquecedora. E, na verdade, foi através do docente desta disciplina que iniciei o meu percurso na investigação.
João Borges
João Borges licenciou-se (2008) e doutorou-se (2013) em Química pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Atualmente, é Investigador Auxiliar no laboratório associado CICECO – Instituto de Materiais de Aveiro do Departamento de Química da Universidade de Aveiro, Presidente (Chair) da International Younger Chemists Network (IYCN) – organização associada da International Union of Pure and Applied Chemistry (IUPAC) e Membro da European Young Chemists’ Network (EYCN) – divisão jovem da European Chemical Society (EuChemS).
1. Como surgiu a oportunidade de ingressar na Universidade de Aveiro e na IYCN ? Após um primeiro pós-doutoramento na Universidade do Minho, nomeadamente no grupo de investigação 3B’s (Biomaterials, Biodegradables and Biomimetics) entre 2013 e 2016, no qual complementei o meu background em Química com conhecimento em Biomateriais, Biotecnologia e Engenharia de Tecidos e Medicina Regenerativa, procurei enriquecer o meu know-how em Ciência e Engenharia de Materiais. Com este intuito, e após convite do meu supervisor na Universidade do Minho para ajudar a fundar e integrar o seu grupo de investigação na Universidade de Aveiro (UA), ingressei no laboratório associado CICECO – Instituto de Materiais de Aveiro da UA em 2016. Após integrar a Direção do Grupo de Químicos Jovens (GQJ) da Sociedade Portuguesa de Química (SPQ) entre 2016 e 2018, tive a oportunidade de representar Portugal enquanto delegado na EYCN (2017-2019). A partilha de experiências e conhecimento e a minha busca incessante por capacitar os químicos jovens a nível mundial fez-me concorrer a uma posição em aberto para integrar a IYCN. Entre 2018 e 2019 integrei o comité de Conference Presence da IYCN, o qual liderei entre 2019 e 2021, e em 2021 fui eleito Vice-Presidente. Recentemente fui eleito Presidente da IYCN. A IYCN tem como visão fomentar o contato e empoderar os químicos jovens a nível mundial e como missão apoiar e encorajar os químicos jovens a trabalharem para um futuro sustentável a nível mundial. Podem obter mais informação e tornarem-se membros (sem qualquer custo associado) da IYCN através do website: https://www.iycnglobal.com/.
2. Ser Licenciado em Química pela FCUP foi uma mais-valia para entrar no mercado de trabalho ? Até à data não tive nenhuma experiência profissional que não a nível académico. No entanto, não tenho a mínima dúvida em afirmar que a formação académica que obtive na FCUP, ao nível da licenciatura, mas também do Doutoramento, assegurou-me as bases sólidas necessárias para o meu crescimento pessoal e profissional. Para além disso, o ensino de excelência e a reputação da FCUP são amplamente reconhecidos pelo mundo exterior enquanto formadores de profissionais de excelência e tidos em consideração em processos de recrutamento, seja a nível académico ou a nível empresarial/industrial. Olhando para trás e para o que a Química e a FCUP me proporcionaram, não tenho dúvidas em afirmar de que voltaria a escolher a FCUP e a licenciatura em Química para iniciar a minha formação académica.
3. De que mais gostou no DQB ? Os anos em que estive na FCUP (e foram muitos entre a licenciatura e o Doutoramento…) sempre se pautaram pelo ensino de excelência, exigência e partilha de conhecimento, capacidade crítica e de análise, mas também pelo acolhimento e cordialidade de todo o staff e comunidade afeta à FCUP e espírito de camaradagem entre colegas, muitos dos quais ainda mantenho contato. Gostaria também de salientar a excelência das instalações, quer ao nível das salas/anfiteatros das aulas teóricas e laboratórios e equipamentos disponíveis para investigação, assim como da biblioteca e locais de convívio. Diria que tudo isto, no seu todo, contribuiu para uma fantástica experiência que me fez crescer imenso e assegurar a bagagem necessária para procurar novos voos na minha carreira.
4. Uma ideia para melhorar o DQB ? Do meu ponto de vista, é necessário fomentar uma maior interação entre as diferentes áreas e grupos de investigação do DQB, assim como com outros departamentos afetos à FCUP e instituições exteriores por forma a avançar o conhecimento científico e maximizar a excelência científica do DQB e da FCUP. Para além disso, nos anos em que estive no DQB/FCUP, senti uma falta de ligação ao tecido empresarial que é fundamental principalmente para todos aqueles que venham a enveredar por uma carreira não académica. Algo que considero igualmente premente, e que não existia no período em que frequentei o DQB, é a existência de unidades curriculares vocacionadas para competências transferíveis, nomeadamente soft skills que serão fundamentais no desenvolvimento pessoal e profissional dos estudantes. Entre elas destacaria a importância de disciplinas focadas em comunicação de ciência, preparação de apresentações orais e escrita de artigos científicos, design thinking, marketing, gestão de equipas, empreendedorismo e gestão de projetos. Estes conteúdos poderiam (e deveriam!) ser lecionados e adaptados ao nível dos três ciclos de estudos (Licenciatura, Mestrado e Doutoramento) dos cursos do DQB, à semelhança do que acontece em outros departamentos e universidades. Por exemplo, na Universidade de Aveiro existem unidades curriculares que contemplam os tópicos supracitados e encontro-me a lecionar um deles. Por fim, creio que seria interessante e importante instituir o dia “Alumni DQB”. Este dia permitiria um contato próximo entre os Alumni que teriam oportunidade de se reencontrar, recordar momentos marcantes do seu percurso académico e, quem sabe, potenciar novas colaborações, assim como com os estudantes afetos ao DQB. Por exemplo, todos os anos alguns Alumni poderiam ser convidados a dar uma palestra por forma a darem-se a conhecer, falarem acerca do seu percurso profissional e da contribuição da Química e da FCUP nos seus percursos profissionais e, simultaneamente, interagir e responder às questões e curiosidades dos alunos. Este contato permitiria ao DQB conhecer melhor as perspetivas e inquietações dos seus estudantes e, assim, procurar dar resposta.
5. Um Professor marcante do DQB ? Não destacaria um, uma vez que tive muitos professores que me marcaram durante o meu percurso académico nas diferentes áreas da Química. Cada um com a sua personalidade e capacidade de lecionar, mas todos reuniam caraterísticas que considero muito importantes, nomeadamente a paixão pela docência, a preocupação em que os estudantes assimilassem o conhecimento decorrente das diversas unidades curriculares, compreendessem o seu impacto e fossem críticos, e a sua curiosidade. Destaco ainda as conversas de corredor e a interação com muitos professores que muito contribuíram para uma maior proximidade e aprendizagem decorrente da partilha de experiências e conhecimento!
6. Uma Unidade Curricular preferida do DQB Sinceramente, não salientaria uma unidade curricular, mas, sim, a licenciatura em Química no seu todo. Gostei muito da formação que me foi assegurada em Química Analítica, Química Física, Química Orgânica e Química Inorgânica e cujo conhecimento me tem sido muito útil ao longo da minha vida pessoal e profissional nas mais diversas atividades e projetos em que tenho estado envolvido.
Sandra Paiva
Sandra Paiva licenciou-se em Bioquímica pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, em 1995. Recebeu o grau de Mestre em Genética Molecular e doutorou-se em Ciências pela Escola de Ciências da Universidade do Minho (ECUM). Foi Professora Visitante na Universidade de Califórnia, Berkeley, com prémios Fulbright e FLAD. É Professora Auxiliar com Agregação, no Departamento de Biologia da ECUM. Assumiu recentemente o cargo de Pró-Reitora para os Projetos Científicos e Gestão da Investigação na Universidade do Minho.
1. Como surgiu a oportunidade de ingressar na Universidade do Minho? A oportunidade de ingressar na Universidade do Minho surgiu por acaso quando o Professor Pedro Moradas Ferreira me falou a mim e a uma amiga sobre um Mestrado em Genética Molecular Microbiana, no Departamento de Biologia da Escola de Ciências da UMinho que iria abrir inscrições para a segunda edição na Primavera de 1996. Eu havia regressado de um estágio ERASMUS de 6 meses, na Universidade de Leeds, no Reino Unido e havia concluído a licenciatura em dezembro de 1995. O ingresso na UMinho foi, assim, uma excelente oportunidade de continuar a minha formação, sem interrupções, numa área que muito me interessava.
2. Ser Licenciada em Bioquímica foi uma mais-valia para entrar no mercado de trabalho ? A licenciatura em Bioquímica pela FCUP sempre teve um selo de excelência e, na. verdade, continua a ser uma mais-valia e um passaporte de qualidade em qualquer situação.
3. De que mais gostou no DQB ? A minha passagem pelo DQB e pela FCUP foi marcante pelos excelentes Professores que tive e pelos colegas que conheci, muitos dos quais se tornaram amigos próximos, com quem me encontro, pelo menos uma vez por ano, geralmente na altura dos Reis. Também gostei da oportunidade de internacionalização e do facto da FCUP, na altura, estar no coração da cidade.
4. Uma ideia para melhorar o DQB ? Convidar docentes estrangeiros de renome para lecionar módulos poderia proporcionar aos estudantes uma experiência enriquecedora, associada a uma visão mais concreta da ciência feita ao nível internacional.
5. Um Professor marcante do DQB ? Tenho alguma dificuldade em responder a esta pergunta, pois como já referi considero que tive Professores excelentes. Mas podendo apenas mencionar um Professor do DQB selecionaria o Professor Aquiles Barros pelo seu entusiamo e simpatia constantes e pelo conhecimento profundo sobre a matéria. Mostrou-me como ser rigoroso sem ser rígido.
6. Uma Unidade Curricular preferida do DQB ? Gostei muito da UC de Química Orgânica, talvez por ter sido lecionada pelo Professor Carlos Corrêa.
Maria Fátima Lucas
Maria Fátima Lucas licenciou-se em Química pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, em 2000. Continuou os seus estudos na mesma Universidade e completou o Mestrado em 2002 e o Doutoramento em 2007, ambos em Química. Efetuou dois pós-doutoramentos, em Itália e em Espanha, especificamente na Universitá della Calabria e no Centro de Supercomputação de Barcelona. Foi no Centro de Supercomputação de Barcelona que começou a trabalhar no design de enzimas e, em 2017, fundou a Zymvol Biomodeling com dois outros cientistas. Atualmente é diretora da empresa, que conta com uma equipa de 19 peritos internacionais, 71% com doutoramento, 79% com contrato permanente e 56% do sexo feminino. Em 2020 recebeu o prémio da Comissão Europeia: EU Prize for Women Innovators
1. Como surgiu a oportunidade de ingressar na ZYMVOL? Em 2016, eu estava a acabar um projeto europeu chamado INDOX, destinado a encontrar e melhorar enzimas para aplicações industriais. O objetivo deste projeto, que decorria no Centro de Supercomputação de Barcelona, onde eu supervisionava uma equipa de 5 alunos de doutoramento, era entender como mutações introduzidas em enzimas através de evolução dirigida (método que recebeu o Nobel da Química em 2018) as melhoravam. No nosso laboratório usávamos métodos de química computacional para entender, a nível molecular, como as mutações modificavam a estrutura destas enzimas e, consequentemente, como a sua atividade catalítica era afetada. O objetivo inicial era simplesmente entender, racionalizar, mas finalmente atrevemo-nos a tentar prever mutações e a verdade é que tivemos bastante êxito. Esta investigação original foi o que me levou a pensar que podia haver uma ideia de mercado e criar a empresa.
2. Ser Licenciada em Química pela FCUP foi uma mais-valia para entrar no mercado de trabalho ? Sim. As Universidades portuguesas são bem reconhecidas como centros de excelência na formação e não tive nenhuma dificuldade em encontrar trabalho. Em particular, o Doutoramento em Química no Grupo de Química Teórica da FCUP foi uma mais-valia fundamental já que a minha supervisora de doutoramento era e é uma referência mundial na área e, como tal, vir do grupo da Prof. Maria João Ramos é um sinónimo de alta qualificação.
3. De que mais gosta no DQB ? Da qualidade do ensino. Aprendi muito e tenho a sensação, ainda hoje, que o facto de ter saído tão bem formada teve um impacto importantíssimo na minha carreira. Saíamos do DQB sabendo realmente Química.
4. Uma ideia para melhorar o DQB ? Na altura em que estudei no DQB, o nível de exigência da licenciatura era tão elevado que as notas eram consideravelmente mais baixas comparadas com outras Universidades portuguesas. Na hora de competir, por exemplo, para conseguir uma bolsa de doutoramento ficávamos prejudicados porque os melhores alunos tinham notas baixas comparadas com o resto do país. Era uma pena, porque realmente estávamos muito bem preparados. Como é uma Universidade onde quando se deteta um problema se atua sobre ele, penso que esta situação foi tida em consideração e isso é muito positivo.
5. Um Professor marcante do DQB ? Aqui não tenho qualquer dúvida: a Prof. Maria João Ramos. Foi ela que viu em mim a possibilidade de seguir uma carreira de investigadora. Venho de uma família humilde onde eu era a primeira a pensar sequer num doutoramento. Nunca pensei no que ia fazer depois da licenciatura. A Prof. João ajudou-me a identificar um possível caminho e isto sem falar em tudo o que aprendi com ela. Foi e continua a ser uma amiga que sempre me apoiou a nível pessoal e profissional.
6. Uma Unidade Curricular preferida do DQB ? Não tenho a certeza do nome, talvez Ligação Química?! Chumbei duas vezes porque a Professora (Maria Teresa Pereira Leite) era tão exigente que tínhamos realmente que usar a cabeça. Acabei aprendendo tanto que ainda hoje estou convencida que foi graças a essa cadeira que adoro Química!
Artur Rodrigues
Artur Rodrigues licenciou-se em Bioquímica pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, em 1999. Após um período de trabalho em laboratório com uma Bolsa de Iniciação à atividade Científica (BIC), ingressou no Programa Gulbenkian de Doutoramento em Biomedicina (PGDB), tendo completado o trabalho de tese em Virologia pela University College London em 2007. De volta a Portugal, trabalhou como pós-doutorado em vários projetos ligados à bioquímica estrutural no Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) e mais recentemente no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S). Desde Maio deste ano, é Laboratory Manager na empresa de biotecnologia Magellan Biologics no BioCant Park em Cantanhede.
1. Como surgiu a oportunidade de ingressar na Magellan Biologics? Dado o meu interesse recente na produção de proteínas em células de mamífero, apresentei uma candidatura espontânea à empresa e após um período de entrevistas fui selecionado.
2. Ser Licenciado em Bioquímica foi uma mais-valia para entrar no mercado de trabalho ? A licenciatura em Bioquímica pela FCUP é uma garantia de formação com alta qualidade, tanto no aspeto de prática laboratorial como teórico, e este facto tem sido bastante relevante não só no meu percurso ligado à academia, mas também agora na indústria.
3. De que mais gosta no DQB ? Gostei muito do ambiente de exigência, o qual foi essencial para a minha capacidade de adaptação a diferentes realidades profissionais e facilitou a minha experiência internacional.
4. Uma ideia para melhorar o DQB ? Convidar docentes estrangeiros de renome para lecionar módulos poderia proporcionar aos estudantes uma experiência enriquecedora, associada a uma visão mais concreta da ciência feita ao nível internacional.
5. Um Professor marcante do DQB ? Professor Adélio Machado. Nunca poderei esquecer as suas fantásticas sebentas que eram uma janela aberta para o mundo da Química.
6. Uma Unidade Curricular preferida do DQB ? Química Inorgânica. Para além de toda a valia do conhecimento geral obtido, gostei muito de aprender sobre compostos complexos, os quais têm bastante relevância para o funcionamento de várias proteínas.
Pedro Nuno Rodrigues
Pedro Nuno Rodrigues licenciou-se em Química pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, em 2007. Concluíu o Mestrado em Química em 2008, ano em que foi contratado pela Continental Reifen Deutschland GmbH (Hannover, Alemanha). Trabalha atualmente no Desenvolvimento de Compostos para Pisos de Veículos de Passageiros (PLT Tread Compound Developer). Durante estes anos ainda fez uma pós-graduação no ramo de Borracha na Leibniz Universität Hannover – Deutsches Institut für Kautschuktechnologie.
1. Como surgiu a oportunidade de ingressar na Continental Reifen Deutschland GmbH? Após candidatura para um processo de recrutamento a nível nacional para uma posição no Centro de Investigação e Desenvolvimento da empresa Continental, na Alemanha.
2. Ser Licenciado em Química pela FCUP foi uma mais-valia para entrar no mercado de trabalho ? Não para o processo de recrutamento em si, mas sim pelas aptidões e requisitos pedidos pela empresa para a posição a que me candidatei.
3. De que mais gosta no DQB ? Das boas infraestruturas e do bom ambiente, quer seja Aluno-Aluno ou Aluno-Professor.
4. Uma ideia para melhorar o DQB ? Senti a falta de ligação ao mundo “real” industrial, assim como a inexistência de estágios externos em empresas. A Licenciatura e Mestrado em Química estão muito focados a nível interno
(investigação nos próprios laboratórios). Sugiro incutir / implementar / incentivar / apoiar os alunos no último ano de Licenciatura a fazer estágios em empresas, mesmo que em certos casos custe ou atrase a conclusão do curso por um ano. É sem duvida uma mais valia para o futuro mercado de trabalho.
5. Um Professor marcante do DQB ? Maria Teresa de Vasconcelos. Foi a minha coordenadora no ano do Seminário e também de Mestrado e possibilitou-me ter uma ideia mais abrangente de uma área como Química Inorgânica e, mais especificamente, Ambiental, e de várias técnicas de Química Analítica ao dispor nos seus laboratórios. Foi também bastante prestável assim que soube que teria de concluir a apresentação de Mestrado mais cedo pois já tinha contrato com a Continental e teria que viajar assim que possível.
6. Uma Unidade Curricular preferida do DQB ? Laboratório de Química Analítica. Possibilitou-me ter contacto com técnicas que me ajudam ainda hoje no exercício do meu trabalho.
Catarina Pinho
Catarina Pinho licenciou-se em Bioquímica pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, em 2008. Realizou o seu Doutoramento em Bioquímica, focado na doença de Alzheimer, na Universidade de Estocolmo. De seguida, ingressou num pós-doutoramento no Karolinska Institutet (Suécia), onde se focou na descoberta de novos fármacos para a doença de Alzheimer . Em 2018, ingressou na empresa Calmark Sweden AB como Product Developer. Recentemente assumiu o cargo de Project Manager na mesma empresa.
1. Como surgiu a oportunidade de ingressar na Calmark Sweden AB? Foi através de uma amiga que me referiu sobre a posição, à qual concorri. Fui chamada para entrevistas e consequentemente selecionada.
2. Ser Licenciada em Bioquímica foi uma mais-valia para entrar no mercado de trabalho ? Sim, sem dúvida! A minha primeira posição na empresa baseou-se no desenvolvimento de reacções colorimetricas dependentes de reacções enzimáticas. Assim, os sólidos conhecimentos teóricos adquiridos durante a licenciatura em Bioquímica deram um contributo fundamental para um bom desempenho do meu trabalho. Foi graças à licenciatura em Bioquímica que tive a oportunidade de realizar o meu estágio na Universidade de Estocolmo ao abrigo do programa ERASMUS. O estágio foi o ingresso direto para o meu Doutoramento. O grande conhecimento teórico e a grande capacidade de trabalho, continua a dar uma excelente reputação aos alunos da FCUP na Universidade de Estocolmo.
3. De que mais gosta no DQB ? Do ensino de alta qualidade graças ao empenho dos professores, e a grande vertente de investigação.
4. Uma ideia para melhorar o DQB ? Olhando para trás, acho que a falta de interação com empresas. A licenciatura deu-me um grande conhecimento teórico e uma excelente agilidade em resolver problemas científicos e laboratoriais. No entanto, senti a falta de aplicação dos meus conhecimentos na área empresarial.
5. Um Professor marcante do DQB ? Um professor que me marcou foi o Professor Carlos Corrêa, pela pessoa carismática, pelo seu conhecimento e pela forma como lecionava.
6. Uma Unidade Curricular preferida do DQB ? A Química Orgânica. Para além de achar super interessante, é um conhecimento base para a Bioquímica.
Hélder Santos
Hélder Santos licenciou-se em Química pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, em 2003, e doutorou-se em Engenharia Química pela Universidade Técnica de Helsínquia, em 2007. É atualmente Professor Catedrático da Universidade de Helsínquia. É membro associado do Helsinki Institute of Life Science (HiLIFE), e co -fundador da empresa Capsamedix Oy. Lidera atualmente o consórcio europeu Horizon 2020 MSCA-ITN-EJD , com um orçamento global de cerca de 4.1 M€.
1. Como surgiu a oportunidade de ingressar na Universidade de Helsínquia? Na verdade, eu ingressei primeiro na Universidade Técnica de Helsínquia (agora designada como Universidade Aalto), que foi onde fiz o meu Doutoramento em Engenharia Química. A oportunidade surgiu por intermédio do meu co-orientador de estágio da Licenciatura em Química, o Prof. Carlos Pereira. Como o grupo já colaborava com o que depois se tornou o meu orientador de Doutoramento, indicou-me o seu nome e email, e após os contactos iniciais fui aceite para fazer o Doutoramento em Helsínquia, em setembro de 2003.
Após a conclusão do meu Doutoramento em 2007, e ainda antes de ter defendido publicamente a tese, surgiu uma oportunidade na Faculdade de Farmácia da Universidade de Helsínquia, como investigador de pós-doutoramento, e a partir daqui fiz todo o meu percurso académico na mesma instituição até hoje. (risos)
2. Ser Licenciado em Química pela FCUP foi uma mais-valia para entrar no mercado de trabalho ? Eu diria que no meu caso foi, sem dúvida, porque o que apreendi durante o curso de Química na FCUP e o trabalho de licenciatura que fiz, assentou perfeitamente no trabalho do meu doutoramento, por isso, foi um ‘perfect match’, que não podia ter corrido melhor para mim. Ainda hoje penso que foi a minha melhor escolha académica, ter iniciado em Química na FCUP, à qual não podia estar mais grato por tudo o que me ofereceu, os valores transmitidos, as unidades currículares, etc., que me preparou muito bem para o que veio a seguir na minha carreira. Não tenho dúvidas, que todas as bases teóricas e práticas do curso de Química da FCUP me foram dadas e me deram muita confiança e força para acreditar que eu era capaz de fazer um Doutoramento – o que se veio a verificar (risos).
3. De que mais gosta no DQB ? No curso de Química gostei muito da exigência das cadeiras em que participei, do rigor e dos profissionais de ensino, professores e técnicos, que sempre se empenharam em ensinar o melhor. Mais específicamente, o que mais gostei foi a preparação prática que
nos foi dada na maioria das cadeiras – a combinação teórica com a vertente prática bastante intensiva, para mim, foi o que mais fascinou e também o que mais me ajudou no futuro que se seguiu para resolver muitos dos problemas científicos que me foram surgindo mais tarde.
4. Uma ideia para melhorar o DQB ? Passados tantos anos é difícil sugerir algo que se calhar neste momento já estará em prática. Mas, talvez duas pequenas ideias muito breves: dar ou criar mais oportunidades para os jovens investigadores progredirem na carreira e para se tornarem mais independentes nas suas atividades de investigação, evitando assim que estes partam para outras instituições ou mesmo para o estrangeiro; permitir uma maior e melhor cooperação entre as diversas áreas de investigação do departamento, mas também com as outras faculdades da UP ou até mesmo outras de renome internacional, para desta forma encontrar sinergias e elevar ao máximo a excelência científica.
5. Um Professor marcante do DQB ? Pergunta muito difícil! Tenho mesmo que responder? (risos) De uma maneira geral, eu apreendi muito com todos os professores das cadeiras em que participei, todos mesmo. Sem dúvida, todos tinham características e métodos de ensino próprios, uns melhores que outros, mas o que cada um me transmitiu durante os 4 anos que passei no curso de Química, foi do melhor que já vi. Por isso, estou muito grato a todos, mesmo aos que eram bastante mais rigorosos com as notas dos exames (risos). Mas não posso deixar de especificar que o professor que mais me marcou e que mais
influenciou a minha vida no curso de Química, e depois no meu futuro inicial
pós-FCUP, foi sem dúvida o Professor Carlos Pereira. O professor Carlos viu em
mim algo de especial, o qual nunca esquecerei. Lembro-me que me convidou ainda no meu 3.º ano do curso para ir para o laboratório trabalhar com um instrumento acabado de chegar, e eu naquela altura nem percebi muito bem porque me escolheu a mim… Depois incentivou-me e deu-me toda a força para escolher uma área da Química que eu não tinha equacionado de seguir no início. E por último, ajudou-me imenso desde o momento que demonstrei que queria seguir o Doutoramento, e por ter sido a pessoa que me “convenceu” a vir para a Finlândia trabalhar em electroquímica (risos). Por tudo isto, e muito mais que poderia escrever aqui, pela relação de amizade que temos mantido ao longo destes anos, estou eternamente grato ao Professor Carlos pela oportunidade que me deu e por tudo que me ensinou e ajudou.
6. Uma Unidade Curricular preferida do DQB ? Díficil de responder passado tanto tempo e a memória já me falha neste aspecto (risos), mas talvez seja surpresa para muita gente. Eu sempre tive uma paixão no curso de Química – a cadeira de Química Orgânica. As aulas teóricas e os exercícios para mim eram algo que me fascinavam imenso, tanto que sabia todas as estruturas do livro Vollhardt e Schore (3.ª Edição) – é um livro que ainda hoje está comigo (risos). Mas nem sempre a nossa primeira paixão é a escolha a seguir (risos), e de facto depois interessei-me mais e adorei imenso a Química Analítica e Electroquímica. Esta
unidade currícular acentou que nem uma luva nas minhas expectativas e naquilo que queria seguir para o futuro. Foi muito importante ter seguido esta área no meu Estágio de Licenciatura, por tudo que apreendi e desenvolvi, e obviamente hoje ainda acho que fiz a melhor escolha (risos).
Sofia de Jesus
Sofia de Jesus concluíu o Mestrado em Bioquímica pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, em 2015. É formadora Certificada (CCP), fez formação em HACCP e uma pós-graduação em Controlo da Qualidade, pela FFUP. Atualmente desempenha funções como Divisional Industrial Hygiene Specialist na empresa Colep, focada na definição de guidelines e processos standard nas áreas de microbiologia, sistemas de água e design higiénico de equipamentos e instalações.
1. Como surgiu a oportunidade de ingressar na Colep? Foi na Colep
que desenvolvi o meu Estágio do Mestrado, através do contacto do Professor
Jorge Gonçalves. Fui depois convidada a ficar na empresa no final do Estágio,
onde continuo a trabalhar atualmente.
2. Ser licenciada em Bioquímica foi uma mais-valia para entrar no mercado de trabalho ? Considero que sim. Tanto pela capacidade de trabalho que a licenciatura nos dá, a qualidade do ensino reconhecida pelas empresas e versatilidade de áreas e conhecimento adquirido.
3. De que mais gosta no DQB ? A qualidade do ensino derivada do conhecimento e empenho dos professores.
4. Uma ideia para melhorar o DQB ? Senti pouca interação com a indústria/empresas, uma vez que os alunos ficam com pouca visibilidade das funções/tarefas que podem desempenhar fora da academia e as empresas com pouca visibilidade das capacidades e conhecimentos dos alunos. Por isso, sugiro aumentar e promover a comunicação com a indústria, de forma a dar maior visibilidade dos alunos para as empresas e os alunos terem um maior conhecimento das opções que têm fora do contexto académico.
5. Um Professor marcante do DQB ? Nuno Mateus, devido à boa relação,
disponibilidade e comunicação com os alunos.
6. Uma Unidade Curricular preferida do DQB ? A unidade curricular de Estágio. Para além de permitir que cada aluno escolha a área que mais lhe interessa, permite uma parte prática pouco usual ao nível das licenciaturas em geral.
Anabela Viana
Anabela Viana licenciou-se em Química pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, em 2003 É atualmente Diretora Técnica e de Produção da empresa Lantal Textiles SA, recentemente adquirida por uma multinacional Suíça. Quando a empresa era detida a 100% pelo Grupo Amorim, à data Gierlings Velpor SA, fez parte do seu Conselho de Administração.
1. Como surgiu a oportunidade de ingressar na Gierlings Velpor? Respondi a um anúncio, fui a uma entrevista, fiz testes psicotécnicos e fui selecionada.
2. Ser Licenciada em Química pela FCUP foi uma mais-valia para entrar no mercado de trabalho ? Sim, sem isso não poderia ter respondido ao anúncio, uma vez que era especificamente pedido. Embora não pareça, o setor têxtil tem uma componente química essencial. Os processos de tinturaria, estamparia, acabamentos e o ambiente, exigem sólidos conhecimentos de química. Mesmo assim, licenciei-me em Gestão pelo ISAG e realizei uma pós-graduação em Engenharia do Ambiente no ISCS, porque senti falta de conhecimentos nestas áreas, essenciais para um eficaz desempenho das minhas funções.
3. De que mais gosta no DQB ? Do que mais gostei foi a maneira como me preparou em termos profissionais e de mentalidade. Deu-me competências para poder trabalhar em qualquer indústria e ser capaz de desempenhar qualquer cargo, desde a Qualidade, à Produção, à Direção Técnica, etc.
4. Uma ideia para melhorar o DQB ? Do que menos gostei foi o grau de dificuldade das disciplinas, e da distância que existia, nos primeiros anos, entre os estudantes e os regentes das mesmas.
5. Um Professor marcante do DQB ? O Professor Doutor Ribeiro da Silva, pelo modo como nos cativava, nos motivava e nos ensinava. Era uma pessoa muito humana e muito próxima dos estudantes.
6. Uma Unidade Curricular preferida do DQB ? No meu tempo não existiam Unidades Curriculares, apenas disciplinas. As minhas preferidas foram as de Termodinâmica e as de Química Inorgânica, uma vez que envolviam matérias que me despertavam mais interesse, e eram lecionadas por professores mais cativantes.
Fábio Oliveira
Fábio Oliveira licenciou-se em Bioquímica pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, em 2012. Concluiu em 2014 o Mestrado em Técnicas de Caracterização e Análise Química, pela Universidade do Minho. Em 2016, integrou a equipa do Serviço de Enchimento como Gestor de 2 linhas de enchimento de cerveja e sidra. Atualmente, e desde 2019, assume a função de Gestor do Laboratório Central do Super Bock Group.
1. Como surgiu a oportunidade de ingressar no Super Bock Group? Surgiu através do DQB-FCUP. Apesar de ter ingressado no Mestrado da Universidade do Minho, a verdade é que nunca cortei a ligação umbilical com a FCUP. Quando estava no meu segundo ano do Mestrado, à procura de um tema para a dissertação, a Unicer solicitou ao DQB-FCUP um aluno que pudesse integrar o Laboratório Central para desenvolver um método analítico para a determinação de edulcorantes por HPLC-ELSD. O Professor Luís Guido sugeriu o meu nome, apesar de não ser o meu orientador oficial da Universidade do Minho, e acabei mesmo por ser selecionado pela Unicer (Super Bock Group). Entrei na empresa em agosto de 2013 onde me mantenho desde então.
2. Ser licenciado em Bioquímica foi uma mais-valia para entrar no mercado de trabalho ? É algo que não tenho dúvida nenhuma em afirmar que sim. Para além de ser uma Faculdade que tem a reputação intrínseca de preparar bem os alunos para o mercado de trabalho, falando do caso que conheço, que é o curso de Bioquímica, trata-se de um curso cuja multidisciplinaridade permite que o aluno tenha a oportunidade de escolher no meio de um leque de inúmeras opções de grande procura de mercado, aquela que tem mais aptidões para seguir. Eu costumava dizer que para mim um aluno de Bioquímica é um camaleão no mercado de trabalho, pois tem bases para se adaptar a quase qualquer área de trabalho.
3. De que mais gosta no DQB ? O que mais me agradava no DQB era a coesão/organização do espaço e pelo facto do mesmo ter tudo aquilo que um aluno necessitava sem ter de fazer grandes “deslocações”, desde a proximidade com os Professores, as áreas de investigação, a biblioteca, os auditórios e laboratórios. Tive a oportunidade de frequentar outras faculdades em Portugal, e este é um ponto que facilmente relevo no DQB. Por outro lado, tenho de enaltecer que nos meus anos como aluno sempre foi um Departamento que se esforçou por dar as melhores condições aos seus alunos, apesar de nem sempre ser possível fazer grandes investimentos de renovação tecnológica.
4. Uma ideia para melhorar o DQB ? É muito difícil responder a esta questão quando já lá vão quase 10 anos desde que frequentei o DQB/FCUP pela última vez. No entanto, recordo-me que um dos pontos que no geral era consensual entre os alunos era a qualidade da cantina e das suas refeições. Em relação ao DQB em si, como referi, não me recordo especificamente de algo negativo no meu passado como aluno, mas espero que hoje seja um Departamento que continue a apostar continuamente em matérias como Jornadas, palestras que permitam a partilha de experiência e conhecimento dos profissionais das áreas que estão no mercado de trabalho, possibilidade de Programa de Estágios ExtraCurricular (PEEC) como uma importante ferramenta de coaching pelo contacto com alunos mais velhos em projetos de investigação e diria mesmo de emancipação principalmente dos alunos que se encontrem na sua fase inicial da vida académica.
5. Um Professor marcante do DQB ? Destaco o Professor Luís Guido por toda a influência que teve na minha carreira académica e que mais tarde surtiu naquilo que é hoje a minha carreira profissional.
6. Uma Unidade Curricular preferida do DQB ? Sem dúvida Química Analítica. Foi a área com a qual tive o primeiro contacto através de um Programa de Estágios Extra Curricular (PEEC) e desde logo decidi como Bioquímico que era a área através da qual me pretendia especializar, daí a decisão do meu Mestrado ter sido especificamente nesta área.
Jorge Ribeiro
Jorge Ribeiro licenciou-se em Química pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, em 1988. Atualmente, é Chefe de Laboratório da Refinaria de Matosinhos (Galp), onde coordena os Sistemas de Qualidade e as atividades de laboratório. Foi membro do Conselho de Representantes da FCUP entre 2016 e 2018. Tem participado, por convite, na lecionação de cursos de pós-graduação na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
1. Como surgiu a oportunidade de ingressar na GALPENERGIA? Enviei um CV e um pedido de estágio. Passado pouco tempo chamaram-me para desenvolver um trabalho relacionado com viscosidade de betumes. Posteriormente surgiu a necessidade do Laboratório arrancar com uma Unidade Piloto de destilação de petróleo bruto e, adicionalmente, começar preparar a acreditação do Laboratório. Gostaram do meu trabalho e fiquei.
2. Ser Licenciado em Química pela FCUP foi uma mais-valia para entrar no mercado de trabalho ? Claro que sim. A FCUP tem muito boa reputação e deve fortalecê-la articulando-se cada vez mais com Empresas e Instituições externas. Por outro lado, a Química é uma ciência fundamental, com uma aplicação abrangente na Sociedade: indústrias relacionadas, biotecnologia, ambiente, análise química, atividades forenses, arte, arqueologia, etc.
3. De que mais gosta no DQB ? Apesar do esforço que tem sido feito, penso que não tem divulgado (publicitado) eficientemente as mais valias do curso.
4. Uma ideia para melhorar o DQB ? Penso que a FCUP se deve aproximar mais da Cidade. Uma forma de o fazer é criar condições para que o espólio dos seus Museus possa ser visitado pelos portuenses (e não só): arqueologia, geologia, zoologia, etc.
5. Um Professor marcante do DQB ? Tive vários professores que muito apreciei mas não gostaria de destacar nenhum.
6. Uma Unidade Curricular preferida do DQB ? Do meu tempo, gostei muito de Química Física/Termodinâmica; é um tema que gosto muito pois permite explicar/interpretar muitos dos aspetos da nossa vida quotidiana.
Luísa Figueiredo
Luísa Figueiredo licenciou-se em Bioquímica pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, em 1997. Realizou o seu Doutoramento em malária no Instituto Pasteur (Paris), tendo obtido o grau académico pelo ICBAS (2002). Seguiu depois para a The Rockefeller University (Nova Iorque, EUA), onde efetuou Pós-Doutoramento noutra doença parasitária, a doença do sono. É, desde 2010, Diretora de Laboratório no Instituto de Medicina Molecular – João Lobo Antunes.
1. Como surgiu a oportunidade de ingressar no Instituto de Medicina Molecular (IMM) ? Graças ao programa Ciência 2008, o IMM abriu posições para diretores de laboratório. Concorri e fui selecionada. Nessa altura (início da crise económica) muitas Universidades congelaram o recrutamento. Concorri a cerca de 4 instituições e tive duas ofertas. O IMM foi a oferta que mais me aliciou.
2. Ser licenciada em Bioquímica foi uma mais-valia para entrar no mercado de trabalho ? O meu mercado de trabalho foi ser recrutada para fazer o Doutoramento no Instituto Pasteur. Nessa fase, foi uma enorme mais-valia vir da Universidade do Porto. O meu orientador Alemão em Paris sabia que os estudantes desta Universidade tinham uma formação excelente e sólida nas áreas das ciências da vida.
3. De que mais gosta no DQB ? Atualmente, não sei! Infelizmente, não voltei ao DQB desde que saí da Faculdade. Mas guardo excelentes memórias dos bons tempos de estudante universitária, dos meus amigos, das anedotas/brincadeiras com alguns professores… o típico! A parceria FCUP e ICBAS dava-nos os melhores professores de cada Faculdade. Também exigia maior autonomia e organização porque as aulas eram em edifícios distantes, as secretarias eram diferentes, etc. O meu ano era espetacular! Fazíamos sebentas em grupo que foram partilhadas ainda durante os anos seguintes. Também organizamos a primeira viagem de curso ao Brasil!
4. Uma ideia para melhorar o DQB ? O grupo de antigos alunos poderia organizar convívios, convidar os antigos alunos a vir partilhar as suas experiencias com os atuais alunos (eu venho!) e até organizar sessões de fundraising. Teria presença no Twitter e outras redes sociais.
5. Um Professor marcante do DQB ? Das disciplinas gerais (1º ano) – Carlos Corrêa. Era um excelente comunicador e inspirador. Senão, nunca me teria interessado pela combustão do petróleo e os octanos! No final tive 18 e partilhei o premio do Prof. Doutor Fernando Serrão com o meu grande amigo Mário Gomes Pereira. Das disciplinas mais específicas (4ºano) – Maria João Saraiva. Era uma apaixonada pela Bioquímica. Ensinou-nos a estrutura dos aminoácidos com tal excitação, que ainda hoje sorrio quando tenho de pensar se a cadeia lateral de uma aminoácido é carregada, pequena, ou apenas um hidrogénio. (Nota: Maria João Saraiva foi docente do ICBAS)
6. Uma Unidade Curricular preferida do DQB ? Bioquímica II, lecionada pelo Prof. Moradas Ferreira. Era uma disciplina acerca do metabolismo. Havia muita matéria para aprender. Mas sobretudo havia o temível exame oral obrigatório. Esse exame obrigava-nos a saber muito bem a matéria para depois respondermos quais as adaptações metabólicas do nosso organismo em cenários imaginados pelo professor (ex. um atleta de maratona que chegava a casa e comia uma banana). Esse lado de ir além de apenas testar a matéria decorada, foi desafiante mas gratificante. (Nota: A UC Bioquímica II é lecionada no ICBAS)
Marta Araújo
Marta Carvalho Araújo licenciou-se (2006) e doutorou-se (2011) em Química pela FCUP. Atualmente, é Administradora Não Executiva da Castelbel, membro do Conselho Geral do Instituto Politécnico da Maia, Membro do Conselho Consultivo da Rede Mulher Líder (apoiada pelo IAPMEI) e Presidente do Conselho Fiscal da Sociedade Portuguesa de Ciências Cosmetológicas.
1. Como surgiu a oportunidade de ingressar na CASTELBEL ? No meu caso (tal como creio que em muitos casos!), a oportunidade nasceu de relações pessoais. Não foi propriamente uma “cunha”, no sentido pejorativo habitual do termo, mas sim uma “referência” ou “recomendação”, derivada da proximidade aos decisores. E, é claro, resultou de eu estar no sítio certo à hora certa: em 2011, quando acabei o Doutoramento e não consegui ter acesso a uma bolsa de Pós-Doutoramento da FCT, o meu marido (Professor Aposentado do DQB da FCUP) era um dos sócios minoritários da Castelbel e o maioritário era um senhor inglês, muito “fora da caixa”, que achava piada ao meu perfil igualmente “atípico”… creio que terá sido por isso que, quando a Diretora Comercial na altura (que também era inglesa) pediu para sair, eles me convidaram a assumir o cargo. Quer isto dizer que eu comecei “por cima” – num cargo de direção – porque tinha uma ligação direta aos donos da empresa. Nem todos (ou quase nenhuns!) têm essa felicidade… Depois, só tive de fazer aquilo a que me obriguei: provar que tinham feito a escolha certa! (risos)
2. Ser licenciada e doutorada em Química pela FCUP foi uma mais-valia para entrar no mercado de trabalho ? Não foi, pela razão que indiquei antes, uma mais-valia para entrar no mercado de trabalho, mas foi, certamente, uma mais-valia para vingar no mercado de trabalho. A formação em Ciências deu-me algo que, eventualmente, outras áreas não cultivam, como pensamento científico (objetivo, racional, sistemático), capacidade analítica e raciocínio crítico (baseado, sobretudo, em lógica), que têm sido da maior importância para o meu sucesso profissional.
3. De que mais gosta no DQB ? Da descontração e sentido de pertença (ou seja, a sensação de que “estamos em casa”).
4. Uma ideia para melhorar o DQB ? Falando apenas do que vivi (porque não sei como funciona atualmente), parecer-me-ia importante que os alunos do DQB tivessem acesso a disciplinas mais focadas nas famosas “soft skills”, que depois lhes fossem úteis para o ingresso no mercado de trabalho e ao longo da carreira profissional. Poderiam ser as que eu frequentei em Londres ou outras, como Fundamentos de Empreendedorismo, Gestão de Equipas, Marketing e Vendas, Design Thinking e similares. E que essas disciplinas fossem lecionadas por profissionais com experiência prática na área (os chamados “practitioners”), porque a teoria é – obviamente – muito importante, mas, na vida real, não chega!
5. Um Professor marcante do DQB ? Parece muito mal eleger o meu marido, Aquiles Araújo Barros, ex-professor de Química Analítica? (risos) É que ele foi, definitivamente, o que mais impacto teve sobre a minha formação (ao recomendar que mudasse da Licenciatura em Ensino de Física e Química para a Licenciatura em Química – Ramo Científico e ao acolher-me no grupo de Investigação que, na altura, liderava), sobre o meu sentido crítico (alertava sempre os alunos para a necessidade de, num exame, analisar criticamente o resultado final dos cálculos: nada o incomodava mais que a falta de cuidado, na resolução de um problema, em verificar se a ordem de grandeza do resultado fazia ou não sentido, no contexto prático da situação em estudo) e sobre o meu foco no que é mais importante (chamava-nos sempre a atenção para o peso do custo de cada solução no momento de tomada de decisões empresariais e era conhecido no meio estudantil como “o gajo do bom senso”, pela importância que dava à ponderação, ao senso comum, à análise multidimensional de cada situação, à necessidade de manter tudo em perspetiva.)
6. Uma Unidade Curricular preferida do DQB ? Química Industrial: uma disciplina opcional lecionada pelo Prof. Adélio Machado que, no 4º ano, apreciei pela diferença relativamente a tudo o que tinha aprendido até então e que, mais tarde, acabou por ser a mais próxima da minha realidade profissional.
Pedro Rodrigues
Pedro Rodrigues licenciou-se em Bioquímica (1996) e doutorou-se em Química (2003) pela FCUP. Depois de ter assumido, em 2016, a função de Diretor Industrial dirigindo a totalidade das 7 fábricas de bebidas do Super Bock Group, é atualmente o seu responsável pela Direção de Qualidade, Ambiente e Segurança.
1. Como surgiu a oportunidade de ingressar no SUPER BOCK GROUP ? Recebi convite a candidatar-me para um lugar na Direção de Qualidade do Super Bock Group (na altura Unicer – Bebidas de Portugal), ao abrigo de um programa de inserção de doutorados em empresas.
2. Ser licenciado em Bioquímica e doutorado em Química pela FCUP foi uma mais-valia para entrar no mercado de trabalho ? No meu caso foi sem dúvida muito importante. Eu durante o doutoramento tinha realizado trabalhos em parceria com a empresa.
3. De que mais gosta no DQB ? Componente teórica e a qualidade do ensino nas ciências clássicas.Sentido de exigência e rigor, ajuda a formar pessoas resilientes. Forma bem pessoas. Nos conceitos teóricos, pois exige que saibam pensar e entender os fundamentos. Em trabalho de laboratório, pois é forte a sua componente de bancada e de relatórios (atenção pelos procedimentos e
resultados).
4. Uma ideia para melhorar o DQB ? Programas de tutoria para os professores (se ainda não os têm) e alunos de licenciatura. Fóruns de consulta às empresas. A adaptação dos conteúdos curriculares dos mestrados às potenciais entidades empregadoras. Promover Alunos/Departamento – Open Days para as Empresas/Empregadores. Direcionar estágios de mestrado e doutoramentos para programas com empresas (potencialmente) empregadoras ou potenciadoras de conhecimento organizacional/técnico e comportamental. Promoção de Spin-Off’s e empreendedorismo.
5. Um Professor marcante do DQB? No meu tempo, faz alguns anos, tive alguns: Aquiles Barros pelo entusiasmo e capacidade de interação; Maria Luísa Ferrão pelo conteúdo letivo, exigência dos exames e rigor pedagógico; Carlos Corrêa, um professor que sabia e era omnipresente, próximo de todos era um professor e um pedagogo.
6. Uma Unidade Curricular preferida do DQB ? Química Analítica, bem dirigida para a vida empresarial; Química-Física, com formação teórica muito forte, aulas teórico-práticas bem estruturadas e aulas práticas muito boas; Química Orgânica, com forte base teórica e aulas práticas que deram rotina laboratorial.